"a carta" parte 2

João era um cara bem bacana. [e ponto]
Era isso que Luísa dizia aos amigos quando a perguntavam sobre o "porque" de estar namorando tal menino.
''Gosto dele e pronto!
É sensível e pronto!
Só gosto, e nem tem pranto!'' [disse Luísa da última vez que o Pedro tinha a perguntado qualquer coisa sobre o John, sobre o "ser do joão", ou somente dele mesmo]
respondeu, em meio aos livros, em meio a palavras, e
organismos digestivos de aves.
Tinha resolvido voltar pra faculdade.
quem dera tivesse resolvido algum problema!
ah, a Luísa ainda esperava a Ana.
Fazia uma semana que Ana não dava mais sinal de carta.
nem de esscrita.
nem de lida.
nem de nada que se possa imaginar.
João disse que era para parar de esperar.
Era para cantar,
esperar somente o vento passar,
e quando menos ela esperasse, a Ana iria voltar a escrever.
A convidou pra sair.
[quê?]
Isso mesmo, o João a convidou para sair com alguns amigos da Economia, queria apresentar aos amigos da faculdade a namorada.
e quem disse que Luísa queria ir?!
tinha prova,
que reprova, desprova, e nada prova que era de fato melhor
em "sistemas reprodutores de biologia marinha".
de fato, Luísa só queria mergulhar em algo que a fizesse esquecer de algumas coisas,
ficou alegre,
e foi, com João.
e nada mais.
algumas amigas também foram.
dançaram, beberam, saíram,
apresentaram-se uns aos outros,
e sem menos esperar, se deu conta de um pesadelo,
sem morte, sem alma,
sem sono, sem vidraça estilhaçada,
no fundo do balcão a esquerda,
João beijava alguém.