homenagem

"Ao sair"

"Porque se chamava homem,

Também se chamavam sonhos,

E sonhos não envelhecem."

[Flávio Venturini]

Ao sair de casa, limpo, sem ar,

Resolvi me conquistar,

justifiquei minha saída sem cantar,

iria ver o mar?

você me perguntou,

como vê, você me abdicou.

Abdicou-me desse teu canto,

desse teu gesto,

e logo,

fui procurar alguém melhor,

alguém maior,

e que pudesse enfim, me conquistar,

me apaixonar,

de deslizar

sobre a natureza anti-material

da areia desse tom, desse som, desse mar.

Procurei sol,

e fiz-me depressa como sonhos,

resgatei como sonho,

realizei como sonho,

e o coração, e o manto, e o gesto,

se faz maior do que meu corpo.

Nessa saída, te perdi,

perdi qualquer sol de realeza francesa

que pudesse sobrar do meio-fio dessa rua de contos.

Fui-te atrás,

tentei passar por muito caminhos,

tentei ser alguém, mas

percebi que não tinha,

não vinha, seria hipocrisia,

forma demagoga de pensar,

e se fosses forma, seria mais fácil materializar...

Mas consegui, e um dia consegui.

Cheguei a praia,

Fiz-te sol, fiz-te tocar seus raios em mim,

abraçar teus ultravioletas em mim

e deixar que em mim,

você vivesse um pouco mais,

como naquele dia, que ao sair,

fiz-te restar na minha vida, sempre.

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(Para Helena Corrêa)

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[M. Corrêa]

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:P